sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Outros perigos !

















Os humanos são o meu problema

E evitá-los é o meu lema 

Tenho receio de atravessar

A rua e um triciclo me atropelar




Nunca se sabe de onde vem
Os manos são loucos, também. 
Eles não têm nenhum cuidado
E estão por todo o lado. 
Os humanos são uma ameaça. 
Mas não interessa o que faça, 
Os perigos estão por todo o lado, 
Não é só ser atropelado. 
Além das vassouradas da Isaura Cristina,
Existe a minha gatinha. 
Tenho que andar à tareia, 
Para conseguir a minha sereia.
Isto de ser um garanhão 
Tem a sua compensação 
Mas chego a casa do Tó 
Arrasado que é de dar dó. 
Mas logo que me recupero, 
Nem  um dia eu espero, 
Volto à noite, me escondendo, 
Com as gatas me promovendo.

Entre cães, as mães e os veículos, 
O pior são os triciclos... 







terça-feira, 18 de agosto de 2015

Gato zangado



Um gato zangado
Fui  eu,
No dia que fui apanhado
E um cão me mordeu.

Há três cães
Na casa da Bela
Que são pior que as mães,
E nunca usam a trela.

Quando me vêem passar,
Todo muito descontraído,
Logo me querem atacar
E eu viro um foragido.

Embora não pareçam maus
Até são p'ró simpático,
Mas acho lhes batem com paus
E têm comportamento errático.

Também sei me defender
Tenho bons dentes e unhas,
Sei o que é correr
E posso meter umas cunhas.

Na verdade estou cansado
De tanto lutar para viver,
Vá lá que me sinto apoiado
E tenho a quem recorrer.








sábado, 15 de agosto de 2015

Protetor de Africanos

Ferido, sujo e só,
De mim não tinham dó,
Especialmente os cães
Que são uns filhos das mães!

A pata esquerda e a direita,
Cada ficou quase desfeita
Nos dentes dos miseráveis
E os gatos não são mais amáveis.

Tenho que lutar pela Fifi,
Vida assim nunca vi,
Nunca estava sossegado
A olhar para todo o lado.

Mas eis que apareceu
Alguém que me recolheu,
Passou creme nas feridas,
Divide as suas comidas.


Me deixa deitar no sofá,
Melhor que ele não há.
Acho que lhe devo a vida,
Minha prece foi atendida.

Pois só precisava arranjar
Um lugar para recuperar,
Mas ele me deu muito mais
É como se tivesse dois pais.

Ao mata-bicho estou com ele
E dormito no sofá de pele,
Quando vem p'ró quarto depois,
Ele trata os meus do-dóis.

Como e faço outra soneca
Em companhia do Toneca.
Quando ele se vai deitar,
Então eu vou vadiar...

Às vezes tenho uns encontros
Com gatos que são broncos,
Mas tento é não me cruzar
Com cães que me querem matar...

E para me proteger
Vou lá para perto esconder
E durmo mais um bocadito
À espera do pequeno-almocito.

Não é só a blusa que veste
Mas em África ele investe
Protege sempre os locais,
Sorte eu ser um dos tais...






quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Minhas feridas



Eu era escanzelado,
Feridas por todo o lado,
Lutava muito naquela altura,
Tinha uma vida muito dura.


Quase me levaram o braço,
Não sei como é que faço
Para fugir à cachorrada,
Acho que só à porrada.
Mas isso me deixa doente,
Meu aspecto assustava muita gente
Que me afugentava à vassourada
E tinha que me fazer à estrada.


Me abrigava debaixo do carro,
Andava sempre sujo de barro
E quando eu ia às "gatas"
Literalmente voltava de gatas...



Andava à chuva e ao vento,
Não sabia onde ir comer,
Mas estava no meu elemento,
E tinha que me defender.
Mas entretanto fiz um amigo,
Um humano chamado Tó.
Ele é muito bom comigo
E agora não estou mais só.
Tenho quem me trate as feridas,
Me acolhe, recolhe e dá carinho, 
Sempre me dá boas comidas,
E até me chama de Pipinho.
Gosta de me lavar a cara,
Nos olhos me coloca gotas...
Ele é a coisa mais rara
E se farta de me tirar fotos.



Acho que um dia quando ele se for
Embora... eu vou sentir saudade
Pois como humano ele é um amor,
E me devolveu minha dignidade.









segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A mulher do portuga



Num dia, de madrugada,
Foi o dia da chegada
Da mulher do tal portuga
E eu me pus em fuga.

Pois como as mulheres da limpeza,
Esta não era melhor, com certeza.
Levei dois dias para aparecer
E finalmente a conhecer...

Era gordinha e barulhenta,
Mas não parecia ciumenta.
Ele continuou a tratar-me bem
E ela fazia-me festas também.


 






Quase Natal
E não estava mal:
Com a atenção dos dois,
Estava bem, ora pois!

Me trouxeram bacalhau,
Digam lá, nada mau!!!
Ela, gulosa, deu-me bolo,
Não comi, que não sou tolo....

Doces, não são comigo,
Não me lembro de ter comido,
Mas o aspeto que tem...
Não recomendo a ninguém...

Ela ficava no ar-condicionado
E me chamava para o seu lado...
Fiquei tardes, com ela, no fresquinho,
E ela também me dava miminho.






domingo, 9 de agosto de 2015

Angolanas

Já faz mais de ano
Que conheci outro italiano
que era amigo de filipinos
e também de alguns chinos...




Foram estes que fizeram
A casa que me deram
E o banco que vemos aqui,
Acho que me queriam por ali.

Mas este italiano era doidão
E arrumava confusão...
Foi nessa altura que notei
O tal portuga de que falei.

Ele era mais confiável
Um humano muito amável
Que me tratava das feridas
Resultantes das minha brigas...

Até hoje ele é paciente,
Esteja eu bom ou doente,
Aquece minha comidinha 
E me faz muita festinha.

Tira-me qualquer carraça,
E me diz sempre uma graça.
Aliás fala muito comigo,
Algo que não faz sentido,

Pois não consigo lhe responder
Embora eu possa tudo entender
Pois é a língua dos angolanos,
Gostam de cães, não bichanos.

As mulheres da limpeza
Me enxotam, é uma beleza...
Com vassouras vêm armadas
São mesmo umas malvadas.







quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O gato que veio do mato


Adicionar legenda





Este é o mato onde vivia
E de onde saí um dia
Atraído pelo peixe grellhado
E comecei a vir p´ra este lado.

Um banco tinham feito
E às vezes dava jeito;
Onde às vezes me sentava,
Me protegia e deitava.

Havia outro italiano 
Que na altura era bacano,
Mas entretanto, eis que chegou
Um português que me adotou...

Me coloca água e comida,
Melhorou muito a minha vida,
Mas ainda volto para o mato
Pois não deixo de ser um gato.

Um gato independente
Que embora goste de gente,
Tenho família que me ama
E a terra é a minha cama.


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Os humanos

Já os tinha visto por cá,
Em cima de grandes monstros,
Mas eu nunca fui até lá,
Não gosto de estranhos encontros...

Mas eis que num domingo à tardinha,
Ao passar pelas casas cheirei
Algo que despertou minha fominha,
Comiam peixe e me aproximei...

Fui devagar e acabei por me deitar.
Falavam uma língua diferente,
Que nunca tinha ouvido falar
Achei melhor me manter distante,

Não queria incomodar...
Mas um deles me chamou
"Gatinho, vamo arrivar"
E com a mão me acenou.

Enrico era o nome do homem
E quando perto cheguei
Notei "era peixe o que comem"
O italiano me deu e eu gostei.

O Enrico me deu bocadinhos
De peixe e fiquei por ali
Também me fez festinhas
E chamava, "viene qui"

O Enrico foi muito legal.
Além de não me fazer mal,
Parecia gostar de mim...
O primeiro encontro foi assim.






sábado, 1 de agosto de 2015

PIPO


Resolvi não escrever sobre a minha visita a Luanda, mas sobre um gato que lá conheci e que adotou o Tó... O Pipo tem lhe feito companhia, além de ser um desafio manter este gato vivo e bem tratado.  Parabéns ao meu marido.

Isto é só uma vontade, escrever sobre este bichinho estilo uma pequena crónica, escrita pelo próprio Pipo... é um exercício...  vamos ver...


Já estou aqui nesta obra
Desde que ela começou.
Tinha mato, bichos e cobra,
Mas muito disto acabou.

Não que eu reclame,
Pois minha vida está resumida
A ter uma gata que me ame
E peão para me dar comida.

Somos poucos por aqui;
Muitos fugiram da construção.
Fiquei eu, o velho Jô e a Fifi,
Mas ainda há competição...

E eu armo grandes barracas
Quando aparece qualquer vadio
E também umas outras gatas
Querendo bagunçar nosso trio.

Estávamos bem nós os três,
No entanto foi chegando gente,
Que atraiu muita tresmalhada rês...
E eu impus-me na unha e dente.

O Jô está fraco e reformado
E sou eu que tenho que defender
A Fifi, pois sou o seu namorado;
O mais fixo, quero dizer...

Eu tenho que ser compreensivo
Se eu vou visitar outras gatas,
Pois sou um gato muito afetivo,
Não vou me meter em bravatas.

Só saio no grito e arranhadela
Quando estou de mau humor
Ou está em causa uma "ela",
De resto, sou só paz e amor.

Já vou falar dos humanos
Que apareceram por cá...
Uns são parvos, outros bacanos,
Mas isso por todo o lado os há...